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“Muitas vezes a raiz de tal preguiça é a acédia, que do grego significa literalmente “falta de cuidado”: Catequese do Papa Francisco sobre “vícios e virtudes” – A acédia

Definição de acédia

Entre todos os vícios capitais, há um que muitas vezes a em silêncio, talvez por causa do seu nome, que para muitos é pouco compreensível: refiro-me à acédia. Por isso, no catálogo dos vícios, o termo acédia é muitas vezes substituído por outro, de uso muito mais comum: a preguiça. Na realidade, a preguiça é mais um efeito do que uma causa. Quando uma pessoa está inativa, indolente, apática, dizemos que é preguiçosa. Mas, como ensina a sabedoria dos antigos Padres do deserto, muitas vezes a raiz de tal preguiça é a acédia, que do grego significa literalmente “falta de cuidado”.

 

Trata-se de uma tentação muito perigosa, com a qual não se deve brincar. As suas vítimas são como que esmagadas por um desejo de morte: sentem aversão por tudo; a sua relação com Deus torna-se tediosa; e até os atos mais santos, que no ado lhes aqueciam o coração, agora parecem-lhes totalmente inúteis. A pessoa começa a lamentar a agem do tempo e a juventude que ficou irremediavelmente para trás.

 

A acédia é definida como o “demónio do meio-dia”: apanha-nos no meio do dia, quando o cansaço está no seu auge e as horas que se seguem nos parecem monótonas, impossíveis de viver. Numa descrição célebre, o monge Evágrio representa esta tentação do seguinte modo: «O olho do preguiçoso está continuamente fixo nas janelas, e na sua mente imagina visitantes […] Quando lê, o preguiçoso boceja muitas vezes e é facilmente vencido pelo sono, esfrega os olhos e as mãos e, afastando o olhar do livro, fixa a parede; depois, volta a olhar para o livro, lê mais um pouco […]; por fim, inclinando a cabeça, põe o livro debaixo dela, adormece num sono leve, até que a fome o desperte e o obrigue a atender às suas necessidades»; concluindo, «o preguiçoso não realiza a obra de Deus com solicitude» [1].

 

A acédia é uma batalha decisiva, que deve ser vencida custe o que custar.

Os leitores contemporâneos vislumbram nestas descrições algo que lembra muito o mal da depressão, tanto do ponto de vista psicológico como filosófico. Com efeito, para quem é apanhado pela acédia, a vida perde o significado, rezar é tedioso, cada batalha parece insensata. Se alimentamos paixões na nossa juventude, agora elas parecem ilógicas, sonhos que não nos tornaram felizes. Então, deixamo-nos levar e a distração, o não-pensar, parecem ser a única saída: gostaríamos de ficar atordoados, ter a mente completamente vazia… É um pouco como morrer antecipadamente, e é horrível!

 

Perante este vício, que nos damos conta que é muito perigoso, os mestres da espiritualidade preveem vários remédios. Gostaria de salientar o que me parece ser o mais importante, e que chamaria a paciência da fé. Se, sob o açoite da acédia, o desejo do homem é estar “noutro lugar”, fugir da realidade, é preciso ter a coragem de permanecer e de acolher a presença de Deus no meu “aqui e agora”, na minha situação tal como ela é. Os monges dizem que, para eles, a cela é a melhor mestra de vida, pois é o lugar que nos fala concreta e quotidianamente da nossa história de amor com o Senhor. O demónio da acédia quer destruir precisamente esta alegria simples do aqui e agora, o temor grato da realidade; quer fazer-nos acreditar que tudo é vão, que nada tem sentido, que não vale a pena preocupar-nos com nada e com ninguém. Na vida encontramos pessoas “preguiçosas”, pessoas de quem dizemos: “Mas ele é tedioso!” e não gostamos de estar com ele; pessoas que têm também uma atitude de aborrecimento que contagia. A acédia é assim!

 

Quantas pessoas, dominadas pela acédia, movidas por uma inquietação sem rosto, abandonaram insensatamente o caminho do bem que tinham empreendido! A acédia é uma batalha decisiva, que deve ser vencida custe o que custar. E é uma batalha que não poupou nem sequer os santos, pois em muitos dos seus diários há várias páginas que confidenciam momentos tremendos, de verdadeiras noites da fé, onde tudo parecia obscuro. Estes santos e santas ensinam-nos a atravessar a noite com paciência, aceitando a pobreza da fé. Recomendam que, sob a opressão da acédia, nos empenhemos menos, fixemos objetivos mais ao alcance, mas ao mesmo tempo, que emos e perseveremos, apoiando-nos em Jesus, que nunca abandona na tentação.

 

A fé, atormentada pela prova da acédia, não perde o seu valor. Pelo contrário, é a verdadeira fé, a fé deveras humana, que apesar de tudo, não obstante as trevas que a cegam, continua a acreditar humildemente. É esta fé que permanece no coração, como as brasas sob as cinzas. Permanecem sempre. E se algum de nós cair neste vício ou na tentação da acédia, procure olhar para dentro de si e conservar as brasas da fé: é assim que se vai em frente!

 

Fonte: https://www.vatican.va/content/sco/pt/audiences/2024/documents/20240214-udienza-generale.html

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